Definimos intolerância à lactose como a incapacidade de digerir a lactose (açúcar do leite) devido a ausência ou a insuficiência de uma enzima digestiva chamada lactase.
São três os tipos mais comuns de intolerância à lactose:
1. A congênita: incomum, acontece logo após o nascimento.
2. A adquirida: a mais comum. Ocorre após infecções intestinais na infância, mas também na idade adulta, onde o individuo, após um quadro diarréico agudo, perde temporariamente ou definitivamente a capacidade de produzir lactase necessária a uma digestão normal.
3. A progressiva: Perda progressiva da capacidade de produzir lactase, de causa indefinida, que se inicia na infância evoluindo progressivamente até a idade adulta.
Dados epidemiológicos revelam que a intolerância à lactose acometa cerca de um quarto da população européia e até 90% dos adultos asiáticos. Acredita-se que no Brasil cerca de 40% da população sofra de alguma das formas do distúrbio.
Sintomas como náuseas, empachamento, diarréia, excesso de gases, cólicas e distensão abdominal que apareçam cerca de 30 a 60 minutos após a ingestão de qualquer quantidade de leite, manteiga, queijo, iogurte ou qualquer tipo de alimento que contenha alguma dessas substâncias em sua composição (chocolate, sorvetes, bolos, pudins, etc) são fortemente sugestivos de intolerância a lactose.
O diagnóstico pode ser confirmado após consulta com o gastroenterologista que avaliará os vários aspectos da história clínica do paciente, dados do exame físico e análise de um exame de sangue chamado Teste de Tolerância à Lactose.
O tratamento divide-se na abordagem dietética e na terapêutica medicamentosa.
A abordagem dietética passa pela suspensão definitiva ou temporária da ingestão de laticínios. sabe-se que substâncias como o creme de leite e leite condensado são menos tolerados, enquanto iogurtes e alguns queijos, parmesão por exemplo, são mais tolerados pois contem menos lactose. O leite em si pode ser substituído pelo leite de soja ou por fórmulas industrializadas que contem lactose reduzida.
Indivíduos que não melhoram com o tratamento dietético isolado ou que não desejem se submeter a dietas rigorosas de exclusão láctea devem fazer uso de comprimidos ou cápsulas de lactase, produzidas industrialmente.
No Brasil, a lactase é encontrada apenas nas farmácias de manipulação, pois a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a considera um medicamento de origem biológica. Em outros países a lactase é considerada como suplemento alimentar e, portanto, comercializada livremente em supermercados.
Uma nova opção de tratamento medicamentoso, recentemente descrita, é a utilização contínua de medicamentos a base de probióticos, “as bactérias do bem”, que podem a médio e longo prazo melhorar a digestão da lactose.
Os recursos medicamentosos apresentados são particularmente importantes para mulheres na menopausa com algum grau de osteoporose ou osteopenia, portadoras de intolerância à lactose, que necessitam ingerir laticínios como forma de reposição de cálcio.